Name: | Description: | Size: | Format: | |
---|---|---|---|---|
469.96 KB | Adobe PDF |
Authors
Advisor(s)
Abstract(s)
RESUMO: Há muito que a trombose foi identificada como uma complicação frequente do cancro e
foi descrita como a segunda causa mais comum de morte nos doentes com cancro.
Uma vez que as células tumorais activam um grande número de mecanismos
hemostáticos, o cancro é um factor pró-trombótico. Para além da neoplasia, também os
procedimentos terapêuticos por si só envolvem numerosos marcadores de activação da
coagulação. A natureza multifactorial da trombose, nestes doentes torna difícil a
definição do risco de trombose.
Os numerosos factores de risco identificados nos últimos anos constituem marcadores
potencialmente válidos cuja utilidade tem que ser clarificada.
Embora sejam muitos os estudos feitos para identificar as causas da trombose nos
doentes com cancro, estas ainda são mal conhecidas. Alguns factores de risco relevantes
incluem o local do cancro, a utilização de quimioterapia, de cateters centrais ou de
hormonoterapia e cirurgia.
Apesar do papel dos factores genéticos de risco de trombose estar bem documentado,
tem sido menos estudado no contexto dos doentes com cancro.
Actualmente é aceite que o Factor V Leiden e a protrombina G20210A são os principais
factores genéticos de risco de trombose. Outros polimorfismos como a
metilenotetrahidrofolato redutase C677T, o PAI-1 4G/5G e o HPA-1a/1b também têm
sido estudados, mas o seu papel é controverso.
No entanto, recentes estudos indicam que a clarificação do papel destes polimrfismos na
trombose é mais complicada, pela interacção entre si e com factores de risco ambientais.
A modulação deste efeito tem sido claramente demonstrado pela interacção entre o
Factor V Leiden e a protrombina, assim como entre estes polimorfismos e a terapia
hormonal de substituição, sugerindo que a exclusão de polimorfismos do estudo pode
conduzir a conclusões erroneas ou, pelo menos, resultar em informação incompleta.
O presente estudo pretendeu investigar a utilidade dos polimorfismos genéticos (Factor
V Leiden, protrombina G20210A, metilenotetrahidrofolato redutase C677T, PAI-1
4G/5G e HPA-1a/1b) na identificação de doentes com cancro em risco de
desenvolverem trombose e na discriminação de doentes com cancro que possam
beneficiar de profilaxia antitrombótica.
Resultados: Dos doentes oncológicos estudados, um número significativo de doentes
com tumores sólidos foram encontrados no grupo de doentes com trombose.
Apenas o factor V Leiden e a MTHFR 677T em homozigotia apresentaram uma
frequência diferente entre o grupo com trombose e o grupo sem trombose.
Foi encontrada uma regressão que relaciona significativamente o factor V Leiden, a
protrombina e a MTHFR 677T em homozigotia com a ocorrência de trombose
(p<0,001; Odds Ratio= 17.483 (2.162-141.340)).
Este índice, utilizado para discriminar os doentes em risco de desenvolverem trombose
apresentou uma sensibilidade de 31%, uma especificidade de 97,5%, um valor
predizente positivo de 92,9% e um valor predizente negativo de 57%.
Conclusão: Este estudo sugere que os factores genéticos de risco devem ser avaliados
nos doentes oncológicos, particularmente se forem considerados também no contexto de
outros factores de risco presentes nestes doentes. ABSTRACT: Thrombosis has long been identified as a frequent complication of cancer, and has been
described as the second most common cause of death in cancer patients.
Since tumour cells activate in a number of ways the haemostatic system, cancer is a prothrombotic
condition. In addition to the neoplasia, therapeutic proceedings per se are
also risk factors predisposing to thrombosis. Despite the extensive studies involving
numerous coagulation activation markers, the multifactorial nature of thrombosis in
these patients makes their risk of thrombosis still difficult to define. The numerous
genetic risk factors identified in recent years constitute potentially useful markers whose
value needs to be clarified.
Despite extensive studies aiming at the identification of the causes of thrombosis in
cancer, these are still poorly understood. The relevant risk factors include the site of
cancer, use of chemotherapy and central catheters, surgery and hormone therapy.
The role of genetic risk factors in thrombosis has been less well studied in the context of
the cancer patient, but is otherwise extensively documented. It is nowadays generally
accepted that Factor-V-Leiden and Prothrombin G20210A are major genetic risk factors
for thrombosis. Other polymorphisms such as MTHFR C677T, PAI-1 4G/5G and hpa-
1a/1b have also been studied, but their role is controversial. Furthermore, recent reports
have indicated that the clarification of the role of these polymorphisms in thrombosis is
further complicated by their interaction with each other, and with the environmental risk
factors. Modulation of the effect of these polymorphisms has been clearly demonstrated
for the interaction of Factor-V with Prothrombin, as well as of these polymorphisms
with estrogen replacement therapy, suggesting that exclusion of polymorphic loci from
the study, albeit economically sound may lead to erroneous conclusions, or at least
result in incomplete information.
In the present work we investigated the possible use of genetic polymorphisms (Factor-
V-Leiden, Prothrombin G20210A, MTHFR C677T, PAI-1 4G/5G and hpa-1a/1b) in the
identification of cancer patients at risk of developing thrombosis.
Results: Significantly more solid tumour cases were found in the thrombosis group in
comparison with the controls. Only FV-Leiden and homozygous MTHFR were found to
be different between the patient and the control group when studied individually. A
binary logistic regression was used to derive a genetic risk score. The resulting
significant regression (p<0,001; Odds Ratio= 17.483 (2.162-141.340)) used only the
number of alleles of Factor-V-Leiden, Prothrombin 20210A and presence of MTHFR
677T homozygosity. This score index was then used to discriminate patients at risk of
developing thrombosis yielding a sensitivity of 31%, specificity of 97.5%, Positive
Predictive Value of 92.9% and negative predictive value of 57%.
Conclusion: Genetic risk factors, if considered as a panel of genetic assays may have a
predictive value for thrombosis in oncology patients, particularly if considered in the
context of the remaining risk factors.