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Abstract(s)
Introdução: Os abcessos hepáticos constituem uma entidade clínica que coloca desafios no
diagnóstico e tratamento, sendo em muito casos necessário um elevado índice de suspeição. A
maioria dos abcessos hepáticos piogénicos são polimicrobianos. Os agentes entéricos facultativos
e anaeróbios são os mais comuns. Na literatura revista, os abcessos hepáticos a Staphylococcus
aureus constituem cerca de 7% dos abcessos hepáticos piogénicos. Esta infecção habitualmente
resulta de disseminação hematogénea de microrganismos isolados em infecções à distância. Não
existem séries publicadas sobre esta matéria, sendo que a informação disponível se restringe
a case-reports.
Objectivo e Métodos: Com o objectivo de aprofundar a fisiopatologia, diagnóstico e história
natural dos abcessos hepáticos, nomeadamente por Staphylococcus Aureus resistente à meticilina
(MRSA), realizou-se um estudo retrospectivo, fazendo a revisão do processo clínico dos doentes
com o diagnóstico de abcesso hepático/piemia portal entre Janeiro de 2004 e Dezembro de
2009, num total de 117 doentes.
Resultados: Clinicamente, a maior parte dos doentes tinha febre e dor abdominal. A esmagadora
maioria dos doentes não dispensou TC abdominal no diagnóstico. Apenas 81,2% dos doentes
realizaram algum tipo de colheita para microbiologia. O agente mais frequentemente isolado
foi a Escherichia coli. O MRSA estava presente em 7,6% dos abcessos cujo pús foi processado.
A terapêutica mais frequentemente seleccionada foi a drenagem percutânea associada a
antibioterapia. Todos os MRSA isolados eram sensíveis ao trimetoprim-sulfametoxazol e
vancomicina. O grupo de patologia subjacente mais frequentemente encontrada foi o das doenças
das vias biliares, seguido dos pós-operatórios recentes. Na esmagadora maioria das infecções a
MRSA, o grupo de patologia subjacente mais frequentemente encontrada foi o pós-operatório
abdominal. A taxa de mortalidade global foi de 17,9%. No que respeita a abcessos a MRSA,
faleceu 1 doente devido a complicações da doença de base.
Conclusões: Estes dados confirmam que o MRSA é um patogénio importante em infecções
hospitalares, incluindo as intra-abdominais. É de salientar a importância do pós-operatório
abdominal como factor de risco para infecção por este agente, um dado pouco descrito na
literatura revista. Estes achados acarretam implicações assinaláveis a nível terapêutico,
investigacional e prognóstico.
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Keywords
Citation
Acta Med Port 2011; 24(S2): 399-406
Publisher
Ordem dos Médicos