Trabalhos Académicos
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- Acidentes vasculares cerebrais e sintomas e sinais neurológicos focais transitórios – Registo prospectivo na comunidadePublication . Correia, ManuelIntrodução - As estatísticas oficiais mostram que Portugal tem a mais elevada taxa de mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC) de entre os países da Europa Ocidental. Não existem dados sobre a incidência de AVC na Região Norte do país, região com a mais elevada taxa de mortalidade, assim como não existem em Portugal estudos de incidência de acidentes isquémicos transitórios (AIT) de base populacional. Para se determinar com exactidão a incidência de AVC e de AIT é necessária uma detecção exaustiva de todos os doentes com manifestações clínicas susceptíveis de serem diagnosticadas como AVC ou AIT. Neste sentido o estudo deve ser abrangente, procurando definir o diagnóstico correcto para um conjunto de manifestações neurológicas com sintomas e sinais neurológicos focais transitórios (SSNFT), que no conjunto de todos, se consideram Acidentes Neurológicos. Objectivos - Os principais objectivos do estudo ACINrpc foram: a construção de um registo comunitário que pertimitisse determinar em populações rural e urbana no Norte de Portugal, 1) a incidência e o prognóstico do primeiro AVC ao longo da vida, 2) a incidência e o prognóstico do primeiro AIT ao longo da vida e 3) a incidência e o prognóstico dos primeiros sintomas e sinais neurológicos focais transitórios não AITs (SNT) e tentando compreender assim o seu significado clínico. Métodos - No período de Outubro de 1998 a Setembro de 2000, todos os suspeitos de terem sofrido o primeiro AVC, o primeiro AIT ou o primeiro SNT, ao longo da vida, numa população de 37290 residentes em concelhos rurais e em 86023 habitantes da cidade do Porto, foram incluídos num registo de base populacional; para o estudo de AITs e SNTs, na área rural, foi considerada apenas uma população de 18677 habitantes. Foram adoptadas definições padrão para AVC e AIT, e uma definição explícita para SNT. Para a identificação exaustiva dos casos utilizaram-se múltiplas fontes de informação. No seguimento os doentes foram observados aos três e doze meses. Resultados - Durante o período de 24 meses foram notificados para o estudo ACINrpc 2031 doentes (802 com suspeita de AVC, 221 com suspeita de AIT e 1008 com suspeita de SNT). Foram registados 688 doentes com AVC, 226 (enfartes cerebrais 77,9%, hemorragias intracerebrais primárias 14,6%, hemorragias subaracnoideias 2,7% e AVC de tipo indeterminado 4,9%) na área rural, e 462 (enfartes cerebrais 75,3%, hemorragias intracerebrais primárias 16,8%, hemorragias subaracnoideias 3,7% e AVC de tipo indeterminado 4,1%) na área urbana. A incidência anual por 1000 habitantes foi de 3,05 (IC 95%, 2,65 a 3,44) e de 2,69 (IC 95%, 2,44 a 2,93) na população rural e urbana, respectivamente; as taxas correspondentes ajustadas para a população padrão Europeia foram de 2,02 (IC 95%, 1,69 a 2,34) e 1,73 (IC 95%, 1,53 a 1,92). A incidência específica por idade segue padrões diferentes na população rural e na população urbana, atingindo a maior discrepância para o grupo etário dos 75 a 84 anos, 20,2 (IC 95%, 16,1 a 25,0) e 10,9 (IC 95%, 9,0 a 12,8), respectivamente. A letalidade aos 28 dias foi de 14,6% (IC 95%, 10,2 a 19,3) na área rural e de 16,9% (IC 95%, 13,7 a 20,6) na área urbana. O risco de recorrência de AVC no conjunto de todos os doentes foi de 1,5% (IC 95%, 0,7 a 2,7) aos sete dias, de 2,7% (IC 95%, 1,5 a 4,0) aos vinte e oito dias, de 3,8% (IC 95%, 2,5 a 5,6) aos três meses e de 7,9% (IC 95%, 6,0 a 10,2) aos doze meses. Foram registados 141 doentes com AIT, 36 na área rural (no território carotídeo 66,7%, no território vertebro-basilar 27,8% e em território considerado indeterminado 5,6%), e 105 na área urbana (no território carotídeo 66,7%, no território vertebro-basilar 29,5% e em território considerado indeterminado 3,8%). A incidência anual por 1000 habitantes foi de 0,96 (IC 95%, 0,43 a 2,33) na população rural, de 0,61 (IC 95%, 0,38 a 1,01) na população urbana e de 0,67 (IC 95%, 0,45 a 1,04) no conjunto de ambas; os correspondentes valores ajustados para a população padrão Europeia foram de 0,67 (IC 95%, 0,45 a 1,04), 0,40 (IC 95%, 0,23 a 0,69) e 0,44 (IC 95%, 0,26 a 0,73). O risco de AVC nos primeiros sete dias após o AIT foi de 12,8% (IC 95%, 7,3 a 18,1), aos três meses de 19,6% (IC 95%, 13,2 a 26,8) e aos doze meses de 24,1% (IC 95%, 14,6 a 28,1). Três factores encontram-se associados à ocorrência de AVC aos 120 dias: idade ≥ 65 anos, o AIT ter ocorrido no território carotídeo e com ≥3 horas de duração. Foram registados 513 doentes com SNT, 73 na área rural, e 540 na área urbana. A incidência anual global por 1000 habitantes foi de 1,95 (IC 95%, 0,94 a 3,76) na população rural, 2,56 (IC 95%, 1,93 a 3,33) na população urbana e de 2,45 (IC 95%, 1,84 a 3,08) no conjunto de ambas as populações; os respectivos valores ajustados para a população padrão Europeia foram de 1,69 (IC 95%, 1,24 a 2,28), 2,04 (IC 95%, 1,52 a 2,71) e de 1,99 (IC 95%, 1,48 a 2,64). Aos doze meses o risco de morte foi de 1,4% (IC 95%, 0,1 a 8,4) na população rural, de 4,6% (IC 95%, 2,9 a 7,1) na população urbana e de 4,1% (IC 95%, 2,6 a 6,3) no conjunto de ambas; o risco de AVC aos doze meses, no conjunto da população rural e urbana, foi de 2,5% (IC 95%, 1,4 a 4,4). Conclusões - A incidência de acidente vascular cerebral nas áreas rural e urbana do Norte de Portugal é elevada quando comparada com a incidência descrita em outras regiões da Europa Ocidental. A elevada taxa oficial de mortalidade por AVC em Portugal, a qual pode ser explicada por uma incidência relativamente alta, não é devida a uma elevada letalidade. A incidência de acidentes isquémicos transitórios no Norte de Portugal, particularmente em populações rurais, encontra-se entre as mais elevadas das descritas em estudos de base populacional comunitária, seguindo de perto a tendência da incidência de AVC. O risco de ocorrência de um AVC é elevado e precoce o que implica educação do público e educação médica, e torna evidente a necessidade de observação médica urgente após um sintoma neurológico focal. A incidência de SNT é superior à incidência de AIT, particularmente na população urbana. A importância e o significado clínico desta entidade assim definida apenas pode ser determinada com o seguimento a longo prazo destes doentes. O conceito abrangente de Acidente Neurológico é útil na abordagem epidemiológica.
- Actividade epileptiforme interictal e ritmos biológicosPublication . Martins-Silva, António
- Alimentação em final de vida: A opinião dos enfermeirosPublication . Pinto, JorgeRESUMO A alimentação em final de vida desempenha um papel importante, uma vez que afeta o doente, a família e os próprios profissionais. Os Enfermeiros, sendo aqueles que estão mais próximos do doente, têm como foco da sua atenção e intervenção a alimentação do doente. No entanto, pouco se sabe sobre a sua opinião relativamente à alimentação do doente terminal (Bryon, de Casterlé & Gastmans, 2008). Desta problemática emergem duas questões de investigação: “Qual é a opinião dos Enfermeiros relativamente à alimentação do doente terminal?” e “Como percebem os Enfermeiros o início/suspensão da alimentação no doente terminal?”; bem como dois objetivos centrais: “Conhecer a opinião dos Enfermeiros relativamente à problemática que envolve a alimentação em final de vida” e “Analisar a opinião dos Enfermeiros relativamente ao início/suspensão da alimentação no doente terminal”. Neste sentido foi realizado um estudo descritivo do tipo inquérito e transversal, em que a população é constituída por todos os Enfermeiros que prestam cuidados diretos aos doentes internados nos serviços de medicina (três) do Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António. Para a recolha de dados foi construído um questionário de raiz. A amostra é constituída por 74 Enfermeiros, com uma média de idades de 31 anos, maioritariamente do género feminino e com uma experiência profissional média de sete anos. Pouco mais de 66% da amostra possui formação em Cuidados Paliativos, sendo que a média de horas de formação é de aproximadamente de 73 horas. A maioria dos Enfermeiros (63%) pratica uma religião, sendo que a única religião praticada é a Católica. Relativamente à opinião dos Enfermeiros sobre a alimentação em final de vida é possível concluirmos que: • A esmagadora maioria dos Enfermeiros (95%) é da opinião que se deve respeitar a vontade do doente terminal, caso este recuse alimentar-se; • Cerca de 85% dos inquiridos não considera a suspensão da alimentação no doente terminal uma prática negligente; • A maioria dos Enfermeiros (85%) nega que a sua decisão de suspender/continuar a alimentar um doente terminal seja influenciada pelas suas crenças religiosas; 7 • A esmagadora maioria dos Enfermeiros (92%) não concorda que suspensão da alimentação no doente terminal seja sinónimo que este vá morrer à fome; • A maioria dos Enfermeiros não considera que é fundamental colocar uma SNG para continuar a alimentar o doente terminal que apresenta recusa alimentar (96%) ou que se encontra prostrado (80%); • Uma grande parte dos Enfermeiros (84%) considera que a decisão de continuar/suspender a alimentação do doente terminal deve ser tomada pela equipa interdisciplinar (onde estão incluídos o doente e a sua família); • Mais de 87% dos Enfermeiros partilha da ideia que a família pensa que se não alimentarmos o doente terminal este vai morrer à fome; • Perto de 86% dos Enfermeiros considera que é frequente haver atitudes contraditórias dentro da equipa multidisciplinar na decisão de suspender/continuar a alimentar o doente terminal; • Todos os Enfermeiros (100%) concordam que o facto de suspender a alimentação num doente terminal não é sinónimo de o estarmos a matar.
- Análise da Marcha na Artroplastia da AncaPublication . Martins, A.O objectivo deste estudo consistiu em determinar as repercussões biomecânicas no ciclo de marcha em indivíduos com artroplastia da anca não cimentada há mais de um ano. Foram analisados os parâmetros cinéticos, cinemáticos e dinâmicos de uma amostra de 18 indivíduos (9 indivíduos sem patologia – grupo controlo e 9 indivíduos com artroplastia da anca unilateral não-cimentada) do sexo masculino. Na análise cinemática estudaram-se os movimentos articulares de diferentes segmentos dos membros inferiores no plano sagital. Os ângulos articulares definidos para este estudo foram os ângulos pé/solo, perna/pé, coxa/perna, e tronco/coxa; entre os segmentos corporais tronco, coxa, perna, pé. Na análise dinamométrica da marcha, usando a plataforma de forças, determinaram-se as componentes da força de reacção do solo (vertical, ântero-posterior e médio-lateral); foram obtidos em simultâneo os dados relativos à pressão plantar, recolhidos pelo sistema Pedar. O grupo de controlo registou um tempo de apoio aproximadamente igual ao que foi observado para qualquer dos membros inferiores dos indivíduos sujeitos a PTA; indicador de que a cirurgia permitiu melhorar significativamente a funcionalidade da marcha. Os valores do impulso (integral de Fy e de Fx) não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre grupos. Para o 1º e 2º picos da curva de Fz, os valores foram menores no grupo submetido à artroplastia da anca do que no grupo de controlo. Os valores mais elevados da pressão plantar variaram entre as diferentes áreas plantares e entre os grupos comparados. Os picos de pressão plantar máxima foram observados no instante tFymax, para os três grupos, na área do antepé. A análise cinemática permite concluir que, para os três grupos, a cirurgia da artroplastia total da anca provavelmente induziu alterações nos ângulos articulares da anca, joelho e tornozelo. Conclui-se que em indivíduos com PTA o instante de contacto do membro com o solo é a etapa mais determinante.
- Avaliação Acústica e Áudio Percetiva na Caracterização da Voz HumanaPublication . Freitas, SusanaA análise e descrição da voz humana não se assumem como uma tarefa fácil nem consensual. A multidisciplinaridade e multidimensionalidade das tarefas de recolha das amostras de voz e as formas de classificação posteriores refletem a complexidade de todo o processo de avaliação vocal. A componente empírica da dissertação pressupôs a realização de uma descrição aprofundada de dois dos formatos mais comuns de caracterização da voz humana – a medição através do método acústico e a classificação com base em escalas áudiopercetivas. Pretendeu-se fazer uma revisão e reflexão crítica acerca da dificuldade de associação direta destas duas dimensões. O trabalho de investigação de campo incluiu a construção de um banco de dados de 90 vozes, com graus de alteração distintos, em adultos falantes do Português Europeu. Estas foram classificadas áudio-percetivamente, através da escala GRBAS, por um painel de 10 peritos nesta forma de avaliação. As amostras foram também analisadas por quatro tipos de software distintos de análise acústica: por um software opensource (PRAAT) e três comercializados (Multi Dimensional Voice Program - MDVP, da Kay Elemetrics; VoiceStudio, da Seegnal; Dr. Speech, Tiger Electronics). O processo culminou com a descrição e discussão dos resultados obtidos. Concluiu-se que apesar de ser cada vez mais fácil aceder a programas de software e existirem inúmeras propostas de medidas acústicas, nem todas têm representatividade estatística e similitude numérica entre as diferentes aplicações. No estudo desenvolvido o valor preditivo das mensurações do sinal face aos parâmetros áudio-percetivos assumiu magnitudes desde um nível fraco (R2 a=0,17) a moderado (R2 a =0,71). Registou-se, ainda, que a capacidade de avaliação áudio-percetiva incorre em viés, apesar dos valores dos intervalos de confiança a 95% das correlações entre as classificações médias dos peritos (CCIC) estar acima de 0.9 para os parâmetros G(Grau Geral), R(Rugosidade), e B(Soprosidade). Os parâmetros A(Astenia) e S(Tensão)tiveram uma consistência inferior. Assim, os dez peritos manifestaram critérios similares de avaliação para os cinco parâmetros da GRBAS em análise, porém não fizeram a sua quantificação de forma estatisticamente semelhante, o que condicionou os resultados apresentados e implicou a definição de critérios para seleção dos peritos mais consistentes na classificação realizada. A par com a realização do trabalho descrito, construiu-se um software de treino e teste em avaliação áudio-percetiva Voice-PE (Voice – Perceptual Evaluation) baseado nas classificações dos seis peritos mais consistentes, para atuais e futuros terapeutas da fala e outros utilizadores deste modo de classificação da voz, assim como são apresentadas fórmulas de quantificação/descrição da qualidade vocal que conjugaram os parâmetros da escala GRBAS e os valores das medidas de análise acústica obtidos para os diferentes tipos de software analisados no trabalho levado a cabo. Apesar do estudo do sinal da fala ganhar robustez e eficiência com a possibilidade de concordância entre os seus componentes acústicos e percetivos – desde a fase do diagnóstico até à intervenção propriamente dita do terapeuta da fala – a sua concretização é difícil e variável. Caberá sempre ao avaliador apreender e dominar as diferentes formas de recolha, análise e caracterização do sinal vocal, no sentido de melhor conseguir traçar estimativas do seu processo de produção fisiológica e perceção acústica.
- Avaliação da eficácia de um programa de intervenção na promoção da adesão terapêutica em doentes com VIHPublication . Ribeiro, ClarisseIntrodução: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) em Portugal é a mais representativa causa de morte entre os 30 e os 39 anos de idade. O principal factor de prognóstico associado à progressão da doença e morte é a não adesão terapêutica. Alcançar níveis de adesão elevados torna-se fundamental para o bem estar destes doentes e da comunidade. Apesar da importância da adesão, não existe disponível um instrumento standard que nos permita na prática clinica monitorizá-la. Objectivos: validar para a população portuguesa uma escala de medição de adesão à terapêutica antiretroviral e implementar um projecto de intervenção para a promoção da sua adesão. Métodos: Efectuado um estudo longitudinal por um período de nove meses numa população de 102 doentes com infecção pelo VIH não toxicodependentes em acompanhamento no Hospital Joaquim Urbano (HJU). Aplicou-se a “Escala Simplificada para detecção de Problemas de Adesão” (ESPA) para medir adesão terapêutica, usando para sua validação, valores de carga viral. Nos doentes não aderentes foi implementado um programa de intervenção cuja estratégia principal foi a realização de acções de educação para a saúde (AEPS). Resultados: A amostra era maioritariamente do género masculino (70%), com orientação heterossexual (78%) e com média de idade de 49 anos. Mais de ¼ da amostra (31%) apresentava escolaridade elevada (secundário e superior) e 35% trabalhava no sector terciário. A via de transmissão do VIH foi maioritariamente sexual (99%). Aplicado a ESPA verificamos que 48% dos participantes não aderia à TARV. Destes, 43% compareceram à 1.ª AEPS e 14% à 2.ª sessão. Após implementação do programa, as respostas erradas sobre VIH e medicação diminuíram de 21 para 3%, e a não adesão à TARV diminui para 22%. Isto é, em mais de 50% dos casos resultou no aumento nos linfocitos T CD4 e na diminuição da CV. Conclusões: A implementação de um projecto de intervenção comunitária nesta população revelou-se possível e eficaz, nomeadamente com resultados significativos na melhoria da adesão à TARV. O presente estudo, pelo seu caracter inovador, constitui sem dúvida um incentivo ao desenvolvimento de estratégias inovadoras de suporte continuado com eficiência na promoção da saúde.
- Avaliação de custos associados à infeção do local cirúrgico nos serviços de cirurgia geral do Hospital Geral Santo AntónioPublication . Aires, ErnestinaO custo económico relacionado com as infeções, pode traduzir-se num aumento da demora média da hospitalização, no aumento da utilização de antibióticos, no recurso a mais estudos laboratoriais e outros meios de diagnóstico para além dos custos intangíveis e sociais. Neste estudo pretendeu-se avaliar o custo das infeções do local cirúrgico (ILC) ocorridas durante o ano de 2009 nos serviços de cirurgia geral do Hospital Geral de Santo António, unidade do Centro Hospitalar do Porto (CHP). A população estudada correspondeu ao número total de registos de procedimentos cirúrgicos efetuados, à data da alta do doente, que foram enviados à comissão de controlo de infeção, num total de 1280 episódios de internamento, que correspondem a 44,2% da totalidade dos doentes saídos dos serviços cirúrgicos. Realizou-se um estudo retrospetivo de tipo caso-controlo em que as questões que orientaram a investigação e sobre as quais se apoiam os resultados foram: Quantos casos de ILC foram identificados? Quais os custos associados em termos de consumo de antibióticos e tempo de internamento nos casos e controlos? Qual o custo das ILC nos serviços de cirurgia geral do CHP? Foram identificados 37 casos (doentes com ILC), que correspondem a uma percentagem de 2,9% de um total de 1280 doentes. Os controlos, em igual número foram extraídos da restante população, recorrendo ao emparelhamento por código do procedimento cirúrgico, classificação American Society of Anaesthesiologists (ASA) e classe etária. A média de idade no grupo dos casos foi 63 anos, no grupo dos controlos 62 anos e na população 56 anos de idade. Das 37 ILC identificadas 25 foram classificadas como superficiais o que corresponde a 67,6%. O tipo de cirurgia urgente verificou-se em 57% dos casos. A ferida cirúrgica foi classificada como contaminada e/ou conspurcada em 54% dos casos. No presente estudo foi analisado o consumo de antibióticos com base na informação disponibilizada pelo Serviço de Sistemas de Informação e o cálculo final do custo foi efetuado pelo tempo de internamento em dias (desde o dia da intervenção cirúrgica até ao dia da alta) em que o valor de custo/dia foi disponibilizado pelo Gabinete de Informação para a Gestão. O cálculo foi efetuado para cada doente no respetivo serviço, sendo posteriormente, calculado o valor médio para as ILC em estudo. O resultado final foi de 3 323€. O conhecimento dos custos com o tratamento das infeções permite aos decisores pesar o custo/benefício e justificar os investimentos no âmbito da prevenção especialmente quando há estudos que demonstram que uma percentagem destas infeções é evitável.
- Avaliação do impacto da determinação do grupo fetal RhD na profilaxia da aloimunização na gravidezPublication . Valente, Maria EduardaRESUMO: Nos últimos 40 anos, os avanços no controlo da aloimunização permitiram que a doença hemolítica perinatal passasse a ser de prognóstico controlável e com fisiopatologia clara, tendo a profilaxia com imunoglobulina anti-D levado a que a doença se tornasse rara. No entanto, após a constatação do aparecimento de novos casos, decidiu-se pela implementação da administração de imunoglobulina anti-D às mulheres RhD negativas às 28 semanas de gestação. A partir de uma amostra de plasma materno, utilizando a técnica de Polymerase Chain Reaction (PCR), é possível determinar o grupo RhD fetal numa fase precoce da gravidez. A genotipagem fetal é particularmente útil em grávidas RhD negativas não sensibilizadas, em que é determinada a negatividade do feto ao antigénio D, uma vez que evita a imunoprofilaxia por recurso a um derivado do plasma humano – um bem escasso, finito, dispendioso e não isento de riscos. A implementação da determinação do grupo RhD fetal antes da imunoprofilaxia na gravidez implica um investimento a nível económico que é importante quantificar e avaliar em todas as vertentes. Embora a imunoprofilaxia a todas as mulheres RhD negativo seja actualmente a estratégia mais rentável, depreende-se que uma das principais vantagens da genotipagem fetal consiste na sua capacidade de aliar um custo efectivo expectavelmente decrescente com uma redução de riscos desnecessários para a saúde pública. ABSTRACT: In the last 40 years, progress in alloimmunization control was so great that haemolytic disease of the newborn (perinatal) has become a disease with a controllable prognostic and a clear physiopathology, having the prophylaxis with anti D immunoglobulin made it also a rare disease. However, after new cases of haemolytic disease of the newborn appeared, it was decided that anti-D immunoglobulin would be given to RhD negative women at 28 weeks of gestation. By using a maternal plasma sample, it is possible to apply a Polymerase Chain Reaction technique (PCR) to determine the fetal RhD blood group at an early stage of the pregnancy. Fetal genotyping is particularly useful with unsensitized RhD negative pregnant women; fetal negativity to the D antigen is determined, thus avoiding immunoprophylaxis with a human plasma derivative – a scarce, limited, expensive and not entirely risk free product. The determination of the RhD fetal group before immunoprophylaxis in pregnancy requires an economical investment which is important to quantify and evaluate in all its aspects. Although immunoprophylaxis to all RhD negative women is currently the most profitable strategy, it is understood that one of the main advantages of fetal genotyping is the capacity to ally a foreseeable decreasing cost with a reduction of unnecessary public health risk exposure.
- Caracterização dos receptores prostanoides reguladores do tónus do músculo liso trabecular humano - valor da combinação farmacológica da PGE1 na terapêutica intracavernosaPublication . La Fuente, José MariaO relaxamento do músculo liso trabecular é um passo fundamental na dinâmica da erecção. Os prostanóides são um grupo de mediadores envolvidos em múltiplos processos biológicos, incluindo a regulação do tónus do músculo liso trabecular humano e, como a acção mediada por cada um deles depende directamente do seu receptor na membrana celular, a caracterização dos diferentes tipos de receptores-prostanóides revela um grande interesse clinico. Neste trabalho caracterizamos, em primeiro lugar, os receptores-prostanóides responsáveis pelas respostas contrácteis e relaxantes induzidas pelos prostanóides. A administração de ácido araquidónico (AA; 100 μM) produziu o relaxamento das amostras de corpo cavernoso humano (CCH), o qual foi abolido pelo inibidor da ciclooxigenase, indometacina, e potenciado pelo antagonista dos receptores do tromboxano (R-TP), SQ29548. Este facto sugere a produção endógena de prostanóides a partir do AA, por acção da ciclooxigenase, que promovem respostas relaxantes e contrácteis para a regulação do tónus do músculo liso do corpo cavernoso humano. Os receptores TP são responsáveis pelas respostas contrácteis induzidas pelos prostanóides no CCH, pois o análogo do Tromboxano A2, U46619, produziu uma contracção potente do CCH (EC50 8.3±2.8 nM), sendo necessárias concentrações muito elevadas de PGF2α (EC50 6460±3220 nM) e do agonista selectivo dos receptores FP, fluprostenol, (EC50 29540±14040 nM) para provocarem contracções apreciáveis do CCH. Além disso, estas respostas contrácteis foram inibidas pelo antagonista selectivo dos receptores TP, SQ29548 (0.02 μM). Por outro lado, o agonista dos receptores EP1 / EP3, sulprostone, não produziu nenhuma contracção nas tiras de CCH. Em relação aos receptores-prostanóides responsáveis pelas respostas relaxantes no CCH, apenas as prostaglandinas da série E (PGE1, PGE2) e o agonista-selectivo dos receptores EP2 / EP4, butaprost, produziram relaxamento consistente destes tecidos (EC50 93.2±31.5; 16.3±3.8; 1820±1284 nM, respectivamente). Podemos concluir que a produção endógena de prostanóides pode regular o tónus do músculo liso trabecular humano por intermédio de receptores-especificos da membrana celular. Os receptores-TP medeiam a contracção enquanto os receptores EP2 e / ou EP4 medeiam as respostas de relaxamento. Este grupo de prostanóides tem importância clinica, pelo facto de um deles, a PGE1 (alprostadil) administrada por via intracavernosa, ser utilizada no tratamento da disfunção eréctil. Ela tem a capacidade de promover uma erecção satisfatória em 60 a 70% dos doentes, mas a dose-eficaz a administrar a cada doente apresenta uma enorme variabilidade, entre 0.5 e 20 μg, sendo necessário em alguns doentes aumentar para 40 μg. Neste trabalho procuramos caracterizar, de maneira individualizada, as respostas clinicas da PGE1 ,individualmente, e relacioná-las com o relaxamento induzido in vitro nas amostras de tecido cavernoso recolhido a esses mesmos doentes. Verificamos a existência duma grande variabilidade nas respostas do CCH após a administração de PGE1 tendo-se obtido valores muito diferentes de EC50 e do relaxamento máximo. Constatamos também que uma má resposta clinica à PGE1 se relaciona in vitro com valores mais elevados de EC50 deste prostanóide e com um relaxamento máximo menor comparado com os doentes que têm uma resposta clinica parcial ou completa. Estes dados sugerem-nos que a eficácia da PGE1 está condicionada pela variabilidade da resposta relaxante do CCH a este prostanóide. O relaxamento do músculo liso trabecular humano não é mediado, exclusivamente, pela via do AMPc mas também por outras vias como a do GMPc, a qual desempenha um papel muito importante. Assim, na perspectiva de aumentar a eficácia clinica da PGE1, e na continuidade do trabalho antes desenvolvido no laboratório, fomos avaliar a sua combinação com uma outra substância, um dador de óxido nítrico, capaz de activar a via do GMPc. Verificamos que o S-nitrosoglutatião (SNO-Glu), um dador de óxido nítrico do grupo dos S-nitrosotiois, produziu de forma consistente o relaxamento completo do músculo liso trabecular, mesmo nas amostras que responderam mal à PGE1 isolada. A combinação de PGE1 + SNO-Glu, na proporção molar de 1:100, produziu um relaxamento do CCH mais potente que qualquer uma das moléculas usadas em separado. A combinação de PGE1 + SNO-Glu promove a activação das duas vias relaxantes fundamentais como se comprova pelo aumento, simultâneo, dos niveis tecidulares de AMPc e de GMPc no CCH. Observamos, além disso, a existência de sinergismo entre as duas moléculas, o que confere a esta combinação uma maior eficácia no relaxamento do CCH. Esta informação inovadora permite propôr a combinação PGE1 + SNO-Glu para a terapêutica intracavernosa da disfunção eréctil com possiveis vantagens clìnicas, em relação, ao uso separado de cada uma delas.
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